Renascer de um nome...
“Meu nome é Kurt... Kurt Wolfgang Von Krauser... Nascido em Auschwitz, Leste da Alemanha. Quem vive ou viveu na Europa antes dessa crise já deve ter ouvido o nome Von Krauser, ou até lido em livros de história européia. Os Von Krauser datam desde eras medievais na história humana, e por tempos se mantiveram como aristocracia marcante. Alcançando tempos mordernos, a família era dona de um montante absurdo de recursos. Mas digo-lhe que não era essa riqueza que me fazia tão orgulhoso de quem eu era, mas sim o reconhecimento do nome... Os feitos que ecoavam desde uma história antiga sobre o nome Von Krauser. Porém, feitos alheios de qualquer ação minha...
Uma coisa que eu queria desde criança era reconhecimento... Um além do meu batismo. Claro, quando criança a gente procura isso dos pais, com certeza. Mas eu queria isso em todo lugar... Escola, no bairro, cidade... Era um bom ideal, eu pensava, e foi por causa dele que eu tive uma adolescência meio perturbada. Por muito tempo muita gente queria meu crânio em ouro. Achavam-me exibido, com confiança demais em mim mesmo... Até de frio me chamavam, você acredita? Mas eu não me importava...
Como eu disse, minha família teve prestígio... Herdeira de uma boa quantia de dinheiro, antiguidades e imóveis por parte de outras pessoas da família. Porém houve um tempo que simplesmente tivemos aparência, mas o que mantinha ela estava já demasiado escasso... Cada vez mais a família Von Krauser desaparecia, e os poucos restantes cuidavam de se esbanjar com os espólios conquistados das heranças que sobravam... Se esbanjavam ao ponto de dever, ao invés de sobreviver...
Todos meus irmãs e irmãos (éramos 7 no total, 4 irmãos, 3 irmãs) começaram a se mover em pró de reerguer o nome Von Krauser. Meus irmãos mais velhos começaram com acordos, serviços e abertura de negócios empreendedores, aliados com outras pessoas na cidade e estado, enquanto minhas irmãs procuravam outros serviços, como em escritórios, mas até houve casamentos que seriam claramente ‘golpes do baú’. Eu, como irmão mais novo, ainda não estava com renome suficiente para tentar algo realmente forte, e sem falar que as medidas tomadas pelas minhas irmãs me deixavam cada vez mais desanimado ao tentar elevar novamente o nome da minha família. Será que realmente valia fazer isso por uma família que deixava suas filhas casarem com o intuito de golpes? Elas não sabiam que estavam fazendo... Não era possível...
Porém, mais tarde, eu fui descobrindo que meus irmãos enfiaram o pé pelas mãos, mais do que minhas irmãs. Rodolf, o mais velho entre os três, conseguiu criar encrencas com políticos da cidade, enquanto Freiz teve coragem de criar problemas com a máfia alemã. Bom, eu ainda estava estudando, e não podia ajudar, e mesmo que pudesse, meus irmãos eram demasiado orgulhosos para aceitar ajuda. Nesse meio tempo, eu ganhava a bolsa na Faculdade de Auschwitz, depois de muita conversa e serviços para o Reitor. Em 30 de maio de 1972, eu com meus 18 anos, finalmente eu poderia iniciar minha sonhada faculdade de medicina.
Ah, mas nem tudo é perfeito, meu amigo... Depois de dois anos de estudo, os reflexos dos atos de todos começaram a aparecer. Freiz acabou desaparecendo de um dia para outro, e nunca sabemos bem o porque naquele momento. Meu irmão Rodolf criava mais dívidas do que ganhava com seus acordos. Então, os irmãos restantes se reuniram e iniciarm novamente planos para conseguir resolver os problemas que já existiam e os que começavam a surgir: antes, tudo era uma questão econômica, mas agora, já estava causando problemas dentro e fora de casa, interligados com setores importantes da sociedade que estávamos inseridos.
Depois de muito pensar e analisai, resolvi desistir da minha bolsa de estudante. O dinheiro recebido, de acordo com a minha própria mãe, ‘não dava nem para poder pagar a lavanderia dos ternos de roupa’. Eu juro que essas palavras me machucaram muito, mas sabe-se lá porquê, eu me mantive calado e de cabeça baixa. Uma coisa difícil para mim era debater com minha mãe, e em todos os fatores, ela parecia certa... Pelo menos para meus irmãos e tios...
Foi então que, no dia 25 de junho, iniciou-se um recrutamento para a polícia da cidade. Era uma chance interessante, pois um dos melhores empregos em termos de recebimento/preparação profissional era certamente oficial das ruas. A seleção e provas iniciavam dia 24 de julho, e depois de uma série de estudos e preparo físico, e dois dias de conversa com o chefe local da Polícia, eu havia sido aceito como cadete.
Em 2 anos, e como era de tendência da minha pessoa, eu consegui construir uma imagem relativamente interessante dentro do DP. Um ano mais tarde, eu consegui uma boa ligação com o Departamento de Investigação e Perícia, e comecei a fazer visitas freqüentes. Acabei descobrindo ali um ponto em comum de duas coisas que haviam começado a me interessar: medicina e investigação. Em 15 de maio de 1978, eu conversei com o chefe e com os outros responsáveis, e em dois dias, fui nomeado detetive investigador do DP. Claro, não sem o mínimo treinamento.
Por 3 anos, eu dividi meu tempo entre o meu serviço e uma série de estudos que eu havia iniciado dentro do Departamento de Investigação e Perícia. Realmente não era fácil, mas foi gratificante. Como eu ainda fiquei 2 anos como investigador iniciante dentro do Departamento, minha carga horária de serviço era reduzida, e assim foi possível continuar os estudos sem problemas. Porém meu rosto se tornava cada vez mais raro lá em casa, e confesso que não achava ruim, pois para mim minha família estava cada vez mais longe do pilar forte que ela formava...
Aí muita coisa mudou em um ano. Estava eu com 26 anos, e foi no dia 14 de setembro quando fui chamado pelo chefe de polícia, e informado que o Departamento de Polícia Alemã precisava de um bom investigador e com dotes de perito, e que o chefe havia indicado meu nome pelo fato dos serviços prestados. A cidade começava a saturar de oficiais e detetives, e a não ser que eu estivesse disposto a continuar estudando e acabar sendo dispensado do meu cargo por ‘excesso de contingente’, era melhor eu aceitar a proposta. Meu chefe era um homem sério e áspero, mas não negava as possibilidades e elogios merecidos. Eu gostava dele...
Uma semana depois eu estava na sede do DPA (Departamento de Polícia Alemã), e foi lá onde eu acabei desenvolvendo as habilidades que eu tinha, e aprendendo muito. Em menos de 1 ano, eu havia desvendado 25 casos com tempo médio de 3 semanas, quando esses eram realmente complicados. O que mais chamava atenção dos outros que trabalhavam comigo é que, como eles diziam, ‘eu acabava roubando o trabalho dos peritos’. Por um tempo eu achava que tinha uma boa imagem lá dentro, mas fui descobrindo que essa imagem era limitada...
Dois meses depois, no dia 18 de maio, um homem com o nome estranho se apresentou na sede... Todos o chamavam de Sr. Hasmten, e o tratavam de maneira bem diferente, um tratamento especial, podemos dizer. Eu havia visto ele outras vezes na sede, e até formulara coisas interessantes: o fato de aparecer na sede apenas à noite era o que mais intrigava, mas eu nem pensei nisso muito tempo... Aliás, não houve muito tempo para pensar nisso, de fato.
Ele ficou uma semana na cidade, e nessa uma semana, o chefe de polícia era sempre chamado, todo dia. No fim dessa semana, eu fui convocado pelo chefe do DPA para me encontrar com esse senhor. Depois de uma conversa de 3 horas sobre meus gostos na polícia, e de vários relatórios dele sobre os serviços prestados por mim á polícia e das maneiras como eu usei para investigar e resolver os casos, eu fui convidado a ingressar a OSSA (Organização de Serviço Secreto Alemã).
Por pouco que foi me passado de antemão, a OSSA cuidava de casos estranhos, e era especializada em encobrir casos e situações que não devem ir para o conhecimento do público civil. Serviço interessante, ao meu alcance profissional, e de bom retorno financeiro. Eu aceitei...
Em 1 ano de serviço acabei ganhando o renome necessário para ganhar liderança sobre um pequeno time de investigação, que por sua vez era chefiado pelo próprio Sr. Hamsten. O engraçado que a figura dele não era o típico chefe de departamento, sentado atrás de uma mesa de escritório o dia inteiro. Poucas vezes ele era visto na sede do OSSA, e diversas vezes ele deixava um encarregado de passar instruções para o time de investigação. Mas por muitas vezes ele participou de perícias, investigações, depoimentos e interrogatórios, e eu que achava bom me sentia uma criança inexperiente perto dele...
Porém, várias vezes á noite, quando era uma noite calma, o que não era difícil de acontecer no OSSA, ele me ensinava muito. Fizemos treinamentos para memória, fixação de detalhes, raciocínio instantâneo, entre outros. Outras vezes, ele me fazia passar horas treinando com armas e pedia para realizar checagens no serviço dos legistas.
Em menos de 2 anos, eu acabei virando, por incrível que pareça, uma espécie de “braço direito” do Sr. Hamsten naquela sede da OSSa, e a cada dia novas coisas eram ensinadas a mim. Até aí nesse momento eu já havia me afastado de 50% da minha vida, falando em termos de família e relacionamentos. Por vezes eu me pegava pensando em ligar para minha mãe, ou irmãos, mas sempre eu pensava: ‘Isso pode esperar mais’.
Numa noite de fevereiro, o Sr. Hamsten nos deixara encarregados de analizar sobre um fato ocorrido nas redondezas da capital. De acordo com ele, cinco corpos estranhos haviam sido encontrados por lá por um fazendeiro, e era necessário analisar o fato antes do conhecimento público geral. Eu queria questionar o porque do cuidado, mas ele sempre me dizia: ‘Você vai saber em breve... Aliás, você está mais próximo da verdade do que imagina...’
Realmente eram corpos estranhos... Cinco homens desfigurados com braços e pernas longos e finos, com presas grandes. Eles se encontravam num local realmente afastado, uma espécie de clareira. Estavam totalmente fuzilados, com inúmeras escoriações e ferimentos profundos. Era um caso muito interessante, mas acabou se tornando meio trágico...
Enquanto colegas meus descarregavam os equipamentos para recolher o material, 4 homens os abordaram, abatidos rapidamente com um tiro em cada, e tiros bem dados por sinal. Quando dei-me conta dos disparos, outros 4 nos abordaram na clareira. Foi uma cena horrível: cada um dos meus colegas foi mordido. Dava para ver o medo restante nos olhos de cada um, antes que se fechassem...
Eu fui rendido, deixando de joelhos, com uma arma apontada na cabeça. Um deles se aproximou, e com um longo suspiro, falou as últimas palavras das quais me lembro de certo...
- Ahhhhhhhhh! Krauser não é? Ah finalmente o último deles! Sabe, vocês foram uma pedra no meu sapato, seu mortal insignificante! Até você, o mais covarde de todos, acabou me ferrando em muitos dos meus negócios! Desde quando você é policial bonzinho, ahn?! Ah não me interessa! Olha só... Aqui termina pra você...
Foi então que o ‘reforço’ do Sr. Hamsten chegou, e inclusive o próprio Hamsten. Por causa do susto da chegada do resto do time de investigação, aqueles desgraçados acabaram saindo nas pressas, mas não sem que o aparente líder me desse um tiro certeiro no peito.
Aí foi que o giro da ‘roda mundial’ começou pra mim. Juro que a última coisa que me lembro é o sr. Hamsten chegando, e dizendo: ‘É mais do que na hora de você saber a verdade, meu amigo...’. Acabei acordando num quarto fechado, aparentemente dentro de um enorme prédio. Um quarto sem janelas, escuro. A partir dali eu já estava sentindo todas as mudanças que o ‘dom’ que o sr. Hamsten havia me passado.
De imediato ele começou me explicando onde estávamos. Aí, era a real sede da OSSA, porém uma sede bem diferente daquela onde eu estava trabalhando antes do ocorrido. Explicou-me que ali realmente estava a inteligência da OSSA, e que um dia eu deveria, cedo ou tarde, estar ali. Assim, passamos duas semanas me explicando tudo que eu era agora, por que de muitas coisas da própria OSSA. Acabei descobrindo que a OSSA já foi interligada fixamente com o governo, e que não era apenas a OSSA que tinha membros da sociedade vampírica. Porém, o maior problema era até onde as influências iam: parte do governo era de influência da Camarilla, outra Sabá. E era assim na tal ‘máfia alemã’, e em várias outras facções sociais. Na verdade, em termos de sociedade vampírica, a bangunça parecia maior do que eu podia imaginar.
E a OSSA? Na verdade ela era um aglomerado de raças. Por incrível que pareça ela conseguiu se manter mais unida por ser a OSSA do que por ser Camarilla ou Sabá. Nela, acabei conhecendo Tedson, que mais tarde acabou se tornando meu braço e perna dentro da OSSA. Um bom agente, fiel e firme em serviço, e que merece tanta consideração quanto qualquer agente da OSSA.
Então foi mais um ano de treinamento e conversas. O estranho que eu demorei muito para perguntar o porque de tudo... Acabei descobrindo que os melhores agentes da OSSA são interligados, ou senão membros da sociedade vampírica, inclusive Sr. Hamsten, meu mentor...
Porém o Sr. Hamsten nunca me obrigou a ficar fechado na OSSA. Eu devo serviços a eles, e sempre mantenho contato, mas o melhor dessa pós-vida é a questão de ‘liberdade’. Mas uma coisa eu confesso: é muito bom poder trabalhar para a organização, porém o maior problema é que sempre estamos no meio termo: pode acontecer o que aconteceu comigo antes da transformação a qualquer um da OSSA...
Não sei a certo sobre o que ocorreu com minha ‘existência mortal’. O Major Hamsten diz ter cuidado dela, o que fez com que eu me concentrasse avidamente no meu papel dentro da OSSA. Anos se passaram, e dia após dia, treino após treino, recebi o título de Tenente. Eu sabia que essa facção da OSSA era comandada pelo Major, e sendo assim, ele me chamava de ‘herdeiro do legado’.
Fui treinado e mantido para ser o ‘homem de confiança’ dele, e digo que isso me agrada. Sinto que é aqui onde eu ganho aquilo que tanto queria: reconhecimento. Nesse tempo de trabalho na Organização,vi a mesma sofrer inúmeras mudanças... Cada dia mais, a OSSA se torna independente de Camarilla ou Sabá, ainda mais depois dos conflitos relacionados ao antigo príncipe e sua queda, rumando a se tornar a OSSC (Organização de Serviço Secreto Cainita). A OSSA já se tornou basicamente cainita, e sendo assim, poucos mortais são mantidos, e as facões que eram ligadas à departamentos do governo mortal já são extintas.
Hoje data 20 de Novembro de 2005... Exatamente 20 anos após meu ingresso na sede da OSSA comandada pelo Major Enghan Hamsten. E hoje, dá-se início a um dos assuntos que independem de Camarilla ou Sabá... Fui nomeado líder de uma equipe, com intuito de mover forças à favor de iniciar uma resolução da crise que abala o mundo cainita.
Creio que nessa noite, inicia-se o teste... Esse vai definir duas coisas. Uma é o desenrolar dessa situação caótica em que vivemos... A outra, é se eu sou mesmo digno de ser um tenente, ou digno de uma cova bem profunda...”
Kurt Wolfgang Von Krauser
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