"Calmaria" antes da Tempestade...
A noite se inicia bem diferente... Um morto-vivo saindo de dentro de uma gaveta do IML... Engraçado, não é? Abrantes se levanta logo em seguida, dizendo que quanto mais cedo falássemos com o Mastroiani, mais cedo conseguiríamos licença para permanecer e recolher informações sem problemas... Bom, era pra isso que eu estava lá! Mas antes, uma ligação do Sr. Sabazio. Ele não sabia do plano, pois ao que eu entendi, parecia que ele e seu mentor estavam com problemas na redação ou entre eles... Ah, vai saber... O que importava era que ele queria saber das decisões tomadas, e se haveria um encontro. Depois de informações devidamente trocadas, pedi para que ele pensasse na hipótese de se tornar membro da Inteligência da OSSA. Infelizmente senti um pouco de descrença por parte dele (e não o condeno), mas ele disse que iríamos conversar depois. Acredito que a posição do Sr. Sabazio nessa bagunça que está Berlim deve afeta-lo, ainda mais quando o assunto se enfoca mais ainda na posição dele nessa equipe. Creio que os sonhos que ele tem, e o alarme da vinda de uma Gehenna devem deixá-lo bem peturbado...
Abrantes me levou por uma série de salas e corredores, e desde ali comecei a recolher a informação necessária. Com um pouco de esforço, consegui memorizar boa parte da estrutura interna do local, e posição de câmeras de vigilância, entre outros detalhes do local. Mais tarde, eu passaria aquilo para um papel. Vale a pena destacar uma coisa: Abrantes disse que quanto menos objetos eu levasse para lá, menores seriam as chances de problemas. Não sei realmente se ele se referia à Mastroiani, ou ao resto dos vampiros que estavam ali, mas resolvi ouvir o safado, e sendo assim, eu tinha apenas o meu celular, 1 bloco de notas, 1 caneta e 1 passaporte que eu forjei com a galera da OSSA.
Chegando na sala do chefe do local, ficamos ainda uns 10 minutos esperando a boa vontade do cara. Confesso que estava curioso pra saber quem era o tão citado Mastroiani, e minha intuição dizia que ele seguiria o estranho estereotipo da maioria das pessoas que tinham contato ‘firme’ com Abrantes...E não é que eu estava certo!?
O tal Mastroiani entrou no local. Não exagero quando digo que o cara é realmente estranho. Se você já viu algum desenho do Pernalonga, já deve ter visto um médico louco que o persegue. O cara é idêntico, sem distorção! Com direito a corcunda, cara de sádico e jaleco... Onde eu enfiei meu pé...?
Bom, de primeira impressão, fora a fachada ‘médico-monstro’, o cara aparentava ser de quase nenhuma paciência, e muito cogitado. Telefones tocavam mais e mais na mesa dele, mesmo antes de sua chegada. E a relação dele com Abrantes? Bom, no que me passou no pouco que eu vi, era o mais distante possível... Negócios são negócios, e para ele, Abrantes está longe de ser qualquer coisa além de fonte de renda...
Assim que Mastroiani se acomodou, Abrantes tentou iniciar uma conversa, dizendo que eu era conhecido dele, e que precisava de uns dias ali no local. Sem paciência nenhuma, Mastroiani disse para que o Setita saísse da sala, para que a conversa fosse só entre eu e ele. Conversa simples no início, já que ele queria saber quem eu era e por que eu estava ali.
Bom, a história dita a ele foi simples: disse que eu era um neófito, e que a atual crise que arrebatava a Alemanha fez com que eu perdesse a maior parte da minha base econômica. Vindo a Berlim em fuga, e sem saber que a situação aqui estava pior, acabei encontrando com Abrantes, um antigo colega de faculdade, que me deu algum apoio, e me disse que eu poderia passar um tempo no IML.
Devo dizer... O cara não parecia o Einstein, mas era desconfiado. Perguntou-me clã, com o que eu trabalhava, mentor, se eu já havia sido apresentado em alguma Camarilla, entre outras. Fui dizendo desculpa atrás de desculpa, sustentando a ladainha que eu havia tecido até aquele momento. Depois ele me pediu documentos, e eu mostrei apenas o passaporte. Ele olhou com aquela cara de louco e disse: ‘Cadê seus pertences!? Você não tem mais nada!?’ Eu respondi apenas mostrando meu bloco de notas...
Então iniciou a parte complicada da coisa... Ele resolveu verificar a validade do meu passaporte em um computador dele, e as perguntas começaram a ficar mais incessantes, e por fim, ele ainda queria falar com Abrantes. Certamente ele já estava indo mal com a minha cara e se ele terminasse a pesquisa no computador dele, meu disfarce ia para o limbo... Então, pra evitar problemas, eu resolvi usar o mesmo truque que havia usado com Abrantes...
A maior vantagem dessa disciplina é que ela não permite apenas refazer memórias, mas também dá acesso a memória já construída na mente da vítima. Claro, o força desse dom depende do empenho em qual eu coloco, e da resistência por parte da vítima, e por sorte, ou por bom empenho meu, a mente dele estava aberta... Porém, estava mais para um lamaçal...
A mente dele é uma verdadeira névoa de lembranças... Poucas foram as visões bem formadas que eu tive sobre suas memórias... Vi que esse vampiro data de épocas medievais... Vi batalhas... Ele e outros empunhando espadas e cavalgando rumo a direção da batalha... Vi que havia muitos além dele e dos vampiros da tal biblioteca que tinham como dever guardar o tal sangue do Capadócio. Ao que parecia, esse tal sangue já era notícia bombástica entre a ‘civilização não-mortal’ a bem mais tempo do que imaginávamos, e depois de muita bagunça, a procura pelo Sangue diminuiu, porém nunca deixou de existir. Atualmente, parecia que vários outros buscavam adquirir esse Sangue, e que a fim de honrar tal dever, Mastroiani não entregaria fácil...
Infelizmente não tive outras informações concretas... Nada sobre segurança sobre contatos... Obtive certos nomes, e provavelmente eu buscarei sobre eles depois... Provavelmente um deles deve ser mais um dos Tremere envolvido com essa bagunça... Bom, uma das informações importantes foi a de que uma verdadeira guerrilha acontecia nos andares inferiores ao IML... Tive visões esparsas, porém já era o bastante para saber como estava a situação... Provavelmente, os barulhos de explosões e tiroteios que aparecem sempre (e que a polícia não divulga, ou sequer faz força para descobrir) estejam vindo dessa guerrilha... O melhor de tudo: havia de tudo participando dessa guerrilha... É, isso está ficando cada vez melhor e mais interessante... E tem uma pulga atrás da minha orelha que me faz coçar, cada vez que penso que aquele ataque ao hotel onde foi feita uma das reuniões tem algo haver com essa maldita guerrilha...
Bom, o tempo já estava demasiado gasto, então minha sonda mental deveria parar por ali. Reconstruí nosso recente diálogo, e com o serviço bem feito, ele agora ia bem com a minha cara, acreditava que meu passaporte era legal, e minha estadia estava garantida. Ponto para mim...
Após a conversa, decidi fazer umas ligações. Primeiramente para Tedson, pedindo informações sobre o ‘carregamento’. De acordo com ele, a situação estava preta... Ou seja: burocracia infernal! O cerco contra transporte de armas estava cada vez mais fechado, tanto dentro quanto fora da Alemanha, mas com um bom serviço, estava tudo encaminhado. Ele disse que seria mais seguro transportar o armamento apenas na noite a ser feita a invasão, e assim evitar qualquer problema com as autoridades de Berlim... Os fatos comprovam, e assim não havia porque não concordar. Depois, falamos sobre a reunião na noite seguinte, local e hora. Confesso que notei um tom de alívio nas respostas de Tedson quando confirmei que a operação seria iniciada amanhã... Creio que a paciência dele para ‘tentativas diplomáticas’ já havia se esgotado na primeira reunião... Creio que ele concorda comigo quando eu penso que vias diplomáticas já eram inexistentes...Aproveitando, pedi para que ele fosse até Sabazio, e o colocasse em mais intimidade com armamento...
Depois, o señor Ramirez (com direito a sotaque...). Conversei apenas o básico: sobre Alexandra, a situação dele próprio, planos por parte dele, etc. Por mais uma vez na noite liguei para ele, pedindo para que ele ligasse para Tedson para pedir e passar informações. Creio que ele esteja perguntando o por que (e creio que Tedson já saiba por alto) dessas ligações para ele, e não para Tedson direto. Bom, resumindo tudo em uma palavra: entrosamento. Formamos uma equipe... E cada um de nós tem idéias diferentes... Assim, colocando os membros desse time a se comunicar e compartilhar planos, idéias e opiniões, eles vão aos poucos ganhando cada vez mais um entrosamento de uma equipe que deve ser. Tedson sabe disso... Tuco já não sei, mas ele deve entender um dia... O mesmo para Sabazio...
Ok... Próximo passo: alimentação... Fazia um tempo desde que havia me alimentado, e então era hora de fazê-lo. Ao que notei, havia uma espécie de ‘bar’ no ‘Necro-hotel’ do Mastroiani, e ali, sangue não faltava. Porém devia ser pago um preço... Ótimo... Na tentativa de parecer o mais ‘fudido e mal pago’ possível, não levei dinheiro... É... Eficiência demais dá nisso...
Então resolvi procurar o Abrantes, para saber se ele tinha alguma coisa... E não é que o safado estava tentando sair do IML? Filho da mãe... Ia me deixar ali... No mínimo ele ia ligar no meu celular depois, me mandando pra PQP e dizendo outros nomes, ações e lugares ‘agradáveis’, iguais aquele IML...SETITA VAGABUNDO! Sem hesitar, o peguei pelo pescoço, falando que se ele saísse dali sozinho, era melhor ele pegar o primeiro avião que tivesse saindo para o Taiti... Intimidado, ele ficou calado e quieto...
Bom, o jeito era então sair junto com ele pra caçar um pouco de sangue... E daí a maldita burocracia infernal! Uma fila enorme, cheia de vampiros, cada um mais neurótico que o outro... Aquilo estava parecendo uma taverna medieval de tão mal organizado... Mas algo eu notei: parece que cada um ali se permanece reservado... Cada um se mantém o mais afastado e fechado possível em relação a outro vampiro. Certamente cada um ali sabe que ninguém mede esforços pra conseguir se colocar bem ali, e assim tentam evitar serem vitimados uns pelos outros.
Então a noite passa... O processo para sair daquele inferno levou quase a noite inteira. Novamente, fomos levados por uma ambulância, no mesmo esquema usado para adentrar no hotel. A viagem teve parada final em uma garagem, afastada do centro. Resolvi ligar para a Central de Inteligência da OSSA, e pedir para que minha ligação fosse rastreada, para que eu pudesse ter idéia de onde eu estava. Após conseguir as informações, pedi para que um mapa imobiliário fosse mandado para Tedson, com a localização da ligação. Bom, caso precisássemos de alguma ambulância, ali teríamos uma fácil, fácil...
Por um bom tempo, ficamos eu e Abrantes caçando um mendigo para que pudesse me alimentar. Após um bom tempo de caminhada, voltamos à garagem e reiniciamos a infernal entrada naquele IML... Maldição... Tanto hotel de luxo, tanto restaurante... Loja de conveniências, supermercados... O Mastroiani tinha que ter um hotel no IML... Maldição...
Bom, agora era entrar naquela porcaria fria de gaveta de cadáver e esperar o show de amanhã. Confesso que estou ansioso para ver Sabazio empunhando armas e Tedson às voltas com seu rifle de longa distância. Vai ser um belo show... E ainda vai haver o show de cortes e lacerações do Ramirez... Belo mesmo... Mesmo que eu tenha meus receios sobre a operação amanhã... Mesmo que eu tenha medo de ver o que é que esta disputando aquele tal Sangue junto com a gente... Eu também estou ansioso...
Mas ficam perguntas... Qual será o desfeche do Abrantes nessa história? Será que eu vou poder usar ele de escudo tático? E fico pensando o que será que Tedson achou de meu pedido... Uma máscara de Zorro! Hahahaha! Espero que gostem da piada! Uhmn... Será que invés da máscara... Um chapéu de toureiro seria melhor? Ou quem sabe a fantasia completa? Com direito a um tocador de fitas tocando ‘Matanza’... Hahahaha!
Ah... Acho que preciso de férias..."